Razão ...

RAZÃO ...


O conhecimento que recebemos, na maioria das vezes, não tem muita relação com a nossa história, no máximo tem relação com a nossa formação profissional.

Aprendemos a acumular conhecimentos, aplicar fórmulas, analisar teorias, repetir regras ...
Todos esses eventos têm relação direta com a nossa história pessoal, nossos sonhos, expectativas, projetos, relações sociais, frustrações, prazeres, inseguranças, dores emocionais e até crises existenciais.
Adquirir essas experiências e vivê-las a tal ponto de segurar as lágrimas para que não derramem, estar preso a pensamentos nunca revelados, ter temores não expressos, palavras não ditas, inseguranças comunicadas e reações psicológicas não decifradas, são àquelas em que aprendemos na escola da existência. É nessa escola que deixamos raízes, saudades e memórias infindáveis.
É vivendo com cada experiência, que aprendemos a lidar com ela.
Por todos esses motivos, a razão desse espaço é dividir aprendizagem, oportunizar leituras, e claro, me exercitar na escrita e na comunicação.

Seja muito bem vindo!


terça-feira, 19 de abril de 2011

Sobre queijos e sobre ratos


Desde que me entendo por gente sempre fui muito assim: isso eu como, aquilo eu não como, isso é o que mesmo? Fora quando não cheirava para saber o que é. Aff. Tem coisa mais blasé do que cheirar comida? Aff de novo.

Outro dia vi uma daquelas bem chique cheirando o prato no restaurante que almoço todos os dias. É feio, como é feio, benza.

Daí que a vida nos faz virar gente na marra e quando fui morar sozinha (aos 21) aprendi a comer o que tinha e o que a grana dava. NUNCA passei fome, mas claro passei vontade de comer as coisas, fruto da minha independência (óbvio). Ou, que graça (ou coragem) teria ao ligar para o papaizinho pra me levar para comer isso ou aquilo que eu tivesse vontade. Nãaaaao, nada disso, provei da dor e da delícia de ser quem eu queria ser.

Foi então que a minha temporada no Pará me fez não ridicularizar as coisas. Sim, sempre fui critíca, mas daí a esnobar não. De jeito nenhum.

No Espírito Santo passei a comer mais peixe e o tal do coentro. Hoje aprecio e como pelo menos uma vez por semana um ou outro. Ou os dois. No Pará, experimentei o tucupí, o tacacá, o açaí em substituição ao feijão, a tapioca, a carne de carneiro, o refrigerante jesus. Hoje aprecio todos esses alimentos e para horror à minha dieta, não teve nada que eu não gostasse e meus 8 quilos a mais não me deixam mentir.

Virei gente! Virei um mundo de gente. Mas virei.

E ficar longe das origens me fez sentir falta de queijo, um laticínio que gosto tanto, mas que antes eu só comia se fosse prato. Que bobagem a minha. Não tem um queijo que hoje eu não goste e isso pode ser fruto da minha chatice infantil de dizer que não gostava sem antes ter experimentado. Talvez, pensando agora com mais calma, era meu cérebro educando meu estômago a comer menos. Porque vou confessar uma coisa, que falta de educação que anda minha gula viu?

Mas foi eu começar a saracutear por causa de um quejim, que acabo de ler uma matéria que saiu no jornal local.

Na Terça, 22 de fevereiro, em Uberaba, houve uma “operação de guerra” na qual policiais militares devidamente armados, Procon estadual e vigilância sanitária derrotaram um bando de queijos. Os facínoras estavam expostos em bancas do comércio, principalmente no Mercado Municipal, ameaçando os clientes pois estavam despidos de uma embalagem à vácuo e pior, sequer portavam sua tabela de informações nutricionais.

A comunidade pode ficar tranquila, os heróis que defendem nossas vidas dos ataques desses queijos de péssima índole venceram, quase uma tonelada foi apreendida e destruída pois era “imprópria para o consumo”.

Que bom que em meio a tantos estupros, arrombamentos, roubos de cargas, tráfico de drogas, sequestros e latrocínios ainda exista gente para nos proteger dos laticínios.
Ora autoridades, tenham um mínimo de bom senso, a fabricação e consumo de queijos é um costume milenar no mundo e multi secular em Minas. O nome diz, queijo mineiro, feito de leite de vaca, usando coalho que por sí só já é um agente biológico que o azeda.

Essa tradição, mais que centenária, nunca matou ninguém, meu trisavô já vendia queijos “marginais” em Dores do Indaiá e nunca foi tratado como bandido, ou será que devemos nos arrepender por todas as fatias que já engolimos, às vezes com goiabada caseira (também despida).

O queijo mineiro, principalmente da Serra da Canastra é apreciado como uma iguaria, porém se for levado à geladeira altera seu sabor original, como querem esses “soldados” que doam suas vidas, se preciso for, para nos livrar desse “venenoso alimento”.

Parece que o Procon não sabe, mas costumamos, “até mediante torturas físicas”, deixar os queijos expostos ao ambiente para que eles fiquem curados. O IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária), casa de burocratas, impõe que ele seja embalado à vácuo e que traga na embalagem informações nutricionais. A continuar nesse pique o pão francês será o próximo, imagine um pãozinho embalado individualmente, com uma tabelinha de nutrientes e data de validade para sabermos se ele está quente do forno ou não. Tratam-nos como se fossemos ignorantes e sequer soubéssemos escolher uma fruta, um doce ou um pé de alface, deixem disso, temos mais o que fazer.

Estão extinguindo as chances de sobrevivência do pequeno produtor rural, aquele mesmo que por falta de opção vai ser um João Ninguém na cidade onde seus filhos poderão exercer atividades menos regulamentadas como o tráfico.

O excesso de normas inviabiliza os pequenos negócios em detrimento de grandes laticínios e hipermercados, portanto gera desemprego e tensão social.

Fica, para as autoridades, um questionamento do povo: Se prendem os queijos, porque não prendem os ratos?


Fonte: Jornal de Uberaba.


Nínive precisa mudar o foco. As autoridades também.

3 comentários:

  1. De: leila gomes
    Enviada: terça-feira, 19 de abril de 2011 16:43:51
    Para: Nínive Moreira Lage


    Por que voce esta almoçando em restaurante todos os diass??
    Me de o numero do seu tel de novo. Tô com saudade.
    Poderia ter vindo pra ca esse final de semana.

    Leila Gonçalves Gomes

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  2. Oi Nínive,
    Ri muito com esta reportagem sobre os queijos deliquentes e perigosíssimos!
    ... eu não cresci! Sou chata para comer. Sou vegetariana, e além de vegetariana sou chata pois não como trocentas coisas que os vegetarianos comem, mas adoro queijos, todos os queijos.
    Bjkas e uma 4ª-feira maravilhosa para vc.

    www.gosto-disto.com

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  3. amei esse post. amada essa mania eu tenho de cheirar copos. tb não comia quase nada. aprendi a comer depois que casei. rsrs meu filho tem mania de falar que não gosta sem ao menos experimentar. sempre faço ele comer um pedacinho. rsrrs
    e sobre os queijos, meu filho é um ratinho rsrs avisa pra policia que tem muito ladrão aqui perto de casa...kkkk
    Besos, besos.
    http://vivi-aninha.blogspot.com

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Agradeço de coração a você que me lê e que expressa em palavras sua demonstração de afeto e carinho. É um prazer receber a sua visita. Muah!