Razão ...

RAZÃO ...


O conhecimento que recebemos, na maioria das vezes, não tem muita relação com a nossa história, no máximo tem relação com a nossa formação profissional.

Aprendemos a acumular conhecimentos, aplicar fórmulas, analisar teorias, repetir regras ...
Todos esses eventos têm relação direta com a nossa história pessoal, nossos sonhos, expectativas, projetos, relações sociais, frustrações, prazeres, inseguranças, dores emocionais e até crises existenciais.
Adquirir essas experiências e vivê-las a tal ponto de segurar as lágrimas para que não derramem, estar preso a pensamentos nunca revelados, ter temores não expressos, palavras não ditas, inseguranças comunicadas e reações psicológicas não decifradas, são àquelas em que aprendemos na escola da existência. É nessa escola que deixamos raízes, saudades e memórias infindáveis.
É vivendo com cada experiência, que aprendemos a lidar com ela.
Por todos esses motivos, a razão desse espaço é dividir aprendizagem, oportunizar leituras, e claro, me exercitar na escrita e na comunicação.

Seja muito bem vindo!


terça-feira, 29 de novembro de 2011

A pena da Ana que valeu

Deveria ter uns cinco anos quando mamãe me levou para dar uma volta na Praça da Liberdade em Belo Horizonte. Era ano de eleição e estava tendo comício. No intervalo colocaram um xiriguidum prá tocar e tá eu pititinha dançando. Acho que nunca tive modos para dançar; jeito sempre tive. Jeito e coragem. Então não é que eu estava dançando, devia mesmo era estar num requebra de um lado para outro e arrisco a dizer que com passinhos e coreografia. Com certeza ainda não conhecia a palavra exibida, mas nem precisava.

Não passou muito tempo e alguém do caminhão percebeu meu requebra-requebra assim, e pediu para a mamãe me deixar subir. Antes dela perguntar se eu queria, já estava com os bracinhos pro alto pro homem me pegar. Aí não teve prá mais ninguém. Tá eu dançando percorrendo todos os lados do caminhão. O protocolo era um showmício. E pelo visto eu era a protagonista da primeira parte.

Já tinha bastante tempo quando mamãe me pediu para descer. Eu dava um nega e ia pro outro lado do caminhão. De certo, uma hora, até Jó perderia a paciência, foi quando fui descida a força. O barraco que arrumei chorando em alto e bom som não fazia parte do protocolo. Mas convenhamos, não deixou de ser um show.

Além disso, anos depois fui convidada a desfilar em Uberaba. Tinha uns 11 anos. Minha cara não nega que exibição é comigo mesmo.

Em 1994 meu pai fez participou pela última vez da SIPAT na Fosfértil. Ele se superou como em todos os outros anos. Se apresentou como Michael Jackson e parodiou Thriller com direito a bailarinos. Eu, claro, era um deles. Foi um espetáculo. Gostaram tanto que dançamos na outra semana já que meu pai ganhou pela terceira vez consecutiva o 1º lugar. E lá estava eu, com 14 anos na ponta direita fazendo uma das coisas que mais amo na vida. Se não fosse uma reforma que teve aqui em casa, onde entrou muita chuva, eu provaria com fotos e vídeo. Perdemos muitos documentos de valor impagável. Esse foi um deles.

Essa semana tive o maior orgulho do ano. Ver minha melhor amiga dançar. Nos conhecemos há bastante tempo, mas convivemos durante cinco meses iniciais da amizade e logo me mudei para Vitória. Em seguida, para o Pará. Nunca perdemos o contato, mas todo esse período longe não calhou de assistí-la. Domingo matei minha curiosidade, agucei alguns sentidos e tornei outros mais belos. Não tinha como não arrepiar com toda a apresentação da Cia que ela dança, mas vê-la no palco foi uma emoção à parte. Primeiro porque de imediato me preocupei em parabenizá-la mecanicamente e depois porque ela me desarmou como lhe é peculiar fazer. Não é porque ela dança e dança de fato muito bem. É que eu não a conhecia nos palcos.


No dia a dia Ana é estabanada, fala com os braços e esbarra aonde passa. De certo cultiva uns roxos, porque vive me contando que esbarra na mesa de trabalho dos colegas derrubando pastas e em casa nos móveis. Apesar de ser muito delicada, é a cara dela esse atrapalhamento. Mas vê-la no palco, foi como ver um lado que eu não enxergava porque não sabia. Ela transitava entre o corpo de balet com leveza e sem derrubá-los e eu achava que isso não era possível além de uma leveza e flexibilidade impressionantes.




Ao final do espetáculo, aguardávamos ansiosos por ela. Ela nos abraçou, nos beijou e quando avistou sua mãe e perguntou: Mãe eu te amo, você gostou? Valeu a pena o esforço dos dias e das noites fora de casa?







Nínive reviu bem essas fotos e acha que não precisa responder.


*essas não são as fotos da sua última apresentação. Tentei a todo custo consegui-las para postá-las, mas não foi possível e eu não quis deixar para escrever para depois o que tinha que ser escrito no calor da emoção*

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