Ana Paula e eu
Em setembro de 2008, eu e a minha amiga Ana Paula, viajamos para Caldas Novas. Foi lá que nos tornamos melhores amigas. Ana passou por todos os testes iniciais que as pessoas passam para saber se querem mesmo ficar comigo. Afinal, viajar na minha companhia é viver intensamente e claro, ter estórias para contar.
Pegamos o busão, o último da noite e chegaríamos as quatro da manhã. No meio do caminho, sei lá porque meu dente começou a doer e Ana é daquelas que se prepara por inteiro para viajar. Ela levou de tudo, roupa de calor, de frio, vários remédios, meias....super prevenida. E falou:
- Pinga três gotinhas de novalgina no dente que passa.
Eu dei uma olhada prá ela:
- Não acredito. Quem te falou isso?
- Mas é verdade. Pinga prá você ver.
- Eu não. Tá doida?
Pinguei. Passou. E não é que é mesmo?
Chegamos na rodoviária, chamei um táxi e peguei na bolsa o endereço que a mamãe passou, porque era a 2ª vez que iria e não me lembrava direito.
Ainda no táxi saquei o molho de chaves. Tinha umas 8 e ainda uma tetra. Balancei e ri para a Ana Paula.
- Ó até eu abrir tuuuu-do, o dia vai estar amanhecendo, aí a gente já coloca o biquini e vamos pro clube.
- Ah tá.
Paguei o táxi e comecei, chave 1, chave 2, chave 3, chave 4.... porque a chave certa é sempre uma das últimas?
O taxista ficou esperando porque estava de madruga e era perigoso.
Abri. Ufa!
Mas era só a do portão, ainda tinha a da portaria.
Chave 1, chave 2, chave 3, chave 4 ...
- Agora falta só a do apartamento.
Ana Paula só olhando.
Subimos. Terceiro andar.
- Qual é o apartamento mesmo?
- Cadê o papel?
- Ai, será que ficou no táxi?
- Acheiii. Apartamento 302, o primeiro a direita.
- Mas o primeiro a direita é o 301.
- E agora?
- Confiamos no lado, ou no número?
- Ah! A mamãe deve ter errado o número, ela não erraria o lado.
Lá fora o galo cantou.
- Cadê o molho de chaves?
- Ai coloquei na bolsa de novo. Não tem luz nesse corredor não?
[Procurando]
- Achei.
Chave 1, chave 2, chave 3, chave 4...
Uma luz de dentro do apartamento acende.
- Quem é?
Fiquei estática, a chave garrou, nem ia nem vinha.
[cochichando]- Ana do céu, erramos de apartamento.
- Quem é?- falou uma voz masculina.
- É..é..é. Nínive?
- Quem???
- Nínive.
Alguém de dentro tentando abrir a porta e eu de fora tentando virar fumaça.
A Ana estava de olhos arregalados e sua boca em formato de 'o'.
Abriram a porta. Era um senhor.
- Me desculpe, meu nome é Nínive, eu sou neta da D. Aparecida e filha do Fernando Lage. É a primeira vez que venho sozinha e acho que anotei errado o número do apartamento.
- Quem é você?
- Nínive, filha do Fernando Lage, neta da D. Aparecida.
- Deixa e ver aqui, eu sou o síndico.
Síndico??? Taaaanto lugar para eu bater errado.
- Quem é? - perguntou uma voz feminina
- É a neta da D. Aparecida. Ela errou de apartamento
Era a esposa do síndico, de penhoar e rolinhos na cabeça. Uma coisa medonha e bizarra do tipo D. Florinda?. Pois é.
Ele pegou a relação de condôminos e disse:
- É aqui na frente, minha filha.
- Me desculpe, senhor, eu devo ter anotado errado.
Me virei e a Ana continuava com a boca em 'o' e fomos para o apartamento certo.
Peguei - de novo - o molho de chaves.
Chave 1, chave 2, chave 3, chave 4...
Mal fechei a porta e caí na risada, Ana me deu uma olhada e eu fui falando:
- Já te falaram como é viajar comigo? Então se prepara....
Nos ajeitamamos, deitamos e escutamos o galo cantar mais uma vez.
No outro dia batí na posta do síndico DE DIA e me desculpei.
Fomos ao clube e água morna é uma tentação.
Só não estava melhor, porque os dias estavam muito quentes e não dá para ficar como uma jacaroa, imersa.
Mas ficamos.
Sentadas na beirinha com a água até acima da cintura, ficamos de papo com um senhor e seu filho, claro o filho dando moral para a Ana e o senhor para mim.
Ai.
A certa altura da conversa, eles resolveram sair.
[Ufa! Estávamos cozinhando já.]
- Vamos sair?
- Vamos.
Saimos rapidamente da piscina. Quando fui vestir um short falei:
- Ai, acho que fiquei tonta.
- Eu também.
Descemos e pedimos duas águas de coco.
- Glup, glup, glup
- Glug, glup, glup.
Dei três goladas e comecei a passar mal. A sensação que eu senti e que ainda hoje me vêm à mente, foi a de morrer. É horrível.
Abaixei a cabeça para frente, inclinei o corpo para trás e fiquei segurando o corpo no côco.
Em segundos, senti meu corpo rodando em piruetas, como se estivesse dançando nas olimpíadas de Vancouver, sobre os patins.
Apaguei.
Quando voltei, eu não estava enxergando e nem escutando. Chamei pela Ana Paula e ela estava do meu lado.
Coloquei a mão sobre meu corpo e vi que continuava de biquini e short.
Aos poucos passei a escutar mas ainda não conseguia entender e ainda não estava enxergando.
O que eu tive foi choque térmico. Ter saído da água muito rapidamente e bebido a água de côco gelada, causou-me esse mal-estar.
Eu achando que estava dando piruetas quando na verdade, era um salva vidas que me viu sentindo mal, me pegou no colo e saiu correndo comigo até a casinha de atendimento.
Ele e o clube inteiro.
Quando meus olhos desanuviaram, vi que a sala estava cheia de gente. A Ana estava sentada do meu lado com a cabeça baixa e eu com cara de paisagem.
Algum tempo depois, me levantei, agradeci a presença de todos e fui para casa.
No caminho, percebi que a Ana Paula também estava passando mal. Em casa ela me disse que a sala estava cheia de baratas mortas. Ela estava descalça, tinha pisado em várias delas e mesmo assim, não saiu de perto de mim.
Tomamos banho e dormimos a tarde toda.
No outro dia eu era a estrela do clube. Todo mundo estava me olhando e uns vieram me cumprimentar. Acho que até dei autógrafos. Rs
Ahan.
Realmente, a cena dele correndo comigo nos braços deve ter sido lindíssima ou engraçadíssima, porque era só isso o que eu ouvia.
Faltava agradecer o meu parceiro de dança.
Quando eu vi a estrutura física do salva-vidas, não conseguí entender como ele conseguiu sair correndo comigo nos braços.
É.. posso estar subestimando as forças dele, mas é que no fundo não tão fundo eu sou exigente: se for para dançar, que seja para dar um show!
Porque público meu bem, eu já tenho.
My lifeguard
Razão ...
RAZÃO ...
O conhecimento que recebemos, na maioria das vezes, não tem muita relação com a nossa história, no máximo tem relação com a nossa formação profissional.
Aprendemos a acumular conhecimentos, aplicar fórmulas, analisar teorias, repetir regras ...
Todos esses eventos têm relação direta com a nossa história pessoal, nossos sonhos, expectativas, projetos, relações sociais, frustrações, prazeres, inseguranças, dores emocionais e até crises existenciais.
Adquirir essas experiências e vivê-las a tal ponto de segurar as lágrimas para que não derramem, estar preso a pensamentos nunca revelados, ter temores não expressos, palavras não ditas, inseguranças comunicadas e reações psicológicas não decifradas, são àquelas em que aprendemos na escola da existência. É nessa escola que deixamos raízes, saudades e memórias infindáveis.
É vivendo com cada experiência, que aprendemos a lidar com ela.
Por todos esses motivos, a razão desse espaço é dividir aprendizagem, oportunizar leituras, e claro, me exercitar na escrita e na comunicação.
Seja muito bem vindo!
O conhecimento que recebemos, na maioria das vezes, não tem muita relação com a nossa história, no máximo tem relação com a nossa formação profissional.
Aprendemos a acumular conhecimentos, aplicar fórmulas, analisar teorias, repetir regras ...
Todos esses eventos têm relação direta com a nossa história pessoal, nossos sonhos, expectativas, projetos, relações sociais, frustrações, prazeres, inseguranças, dores emocionais e até crises existenciais.
Adquirir essas experiências e vivê-las a tal ponto de segurar as lágrimas para que não derramem, estar preso a pensamentos nunca revelados, ter temores não expressos, palavras não ditas, inseguranças comunicadas e reações psicológicas não decifradas, são àquelas em que aprendemos na escola da existência. É nessa escola que deixamos raízes, saudades e memórias infindáveis.
É vivendo com cada experiência, que aprendemos a lidar com ela.
Por todos esses motivos, a razão desse espaço é dividir aprendizagem, oportunizar leituras, e claro, me exercitar na escrita e na comunicação.
Seja muito bem vindo!
terça-feira, 16 de março de 2010
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kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Ninive amo seus causosssssss....... vc é hilária...........amooooooooooooo ler todos os posts....kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirto imaginando vc desmaiada e pior a vergonha de ter batido no apartamento do sindico....
RSSSSSSSSS ja começo a ler o texto rindo,muito legal,mas o melhor deve ser ter uma amiga como você e melhor ainda viajar com você,amei a foto arraso total adoroooooo bjsssss
ResponderExcluirvc e otima estou na fila esperando um livro seu ,e so entrar no seu blog pra dar uma relaxada pois vc e rilexs bjos e nao deixe de contar seus casos e acasos
ResponderExcluirSheila: Só comédia!.
ResponderExcluirCida: Obrigada pelo 'o melhor deve ser ter uma amiga como você'. Espero que de fatom eu consiga ser engraçada pessoalmente como por escrito. Vai que eu sou melhor escrevendo? :(
Andréia: Livro? Quem? Hein? Hã Cuma? Hum.. quem sabe.
Muah!